quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Conde L. Terranova


História da Monareta:  Uma grande pequena Monark

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Você vai ver a história da bicicleta brasileira mais jovial e brilhante de todos os tempos, e um verdadeiro fenômeno que permanece nas lembranças no acervo de todo colecionador. 

A Monareta teve sua origem como uma nova tendência que apareceu nos anos 60 particularmente surgida na Inglaterra com a excêntrica Moulton: As bicicletas compactas e portáteis.  Com a vertiginosa popularização do automóvel nos países desenvolvidos, o mercado de bicicletas mundia se viu obrigado a desenvolver produtos diferenciados que atendessem a um novo público, e nesta década em que esfervecia o movimento Hippie e a contra-cultura, as bicicletas portáteis cairiam em cheio no gosto do público jovem.

Em 67 a Caloi trouxe a primeira bicicleta dobrável do Brasil; a Berlineta. A Monark não perde tempo e no mesmo ano lança a sua portátil, homônima do famoso ciclomotor de sua fabricação. Nascia então a primeira Monareta. Com um sistema de travas por borboleta, a versão Gemini desmontava-se em duas partes tornando fácil seu transporte por outros veículos ou guarda-la dentro de casa. Eram oferecidos selim com capas de cores sortidas e alforges estampados para o bagageiro que nesta primeira geração era destacável. O cobre corrente apenas neste ano seria exclusivo do modelo, sendo substituído no ano seguinte pelo modelo Asa, das demais bicicletas da linha e logo depois em 69, o modelo peixe na linha 2001, que destoava bastante do desenho do quadro.

A primeira geração da Monareta se despedia na linha Olé 70, embora com grande êxito, ainda atrás de sua concorrente Berlineta. Mas a Monark não aguarda o ano seguite, e já no natal daquele ano, lança a 2ª geração da Monareta. Baseada na sua equivalente sueca Crescent, foi lançada na vesão portátil "Dobramatic" e seu desenho era totalmente reformulado; bagageiro integrado ao quadro, de formas retangulares e harmoniosas. O entre-eixos ficara mais longo e o chassi mais robusto para o preso de uma pessoa adulta. O sistema de dobra substituía Gemini, e oferecia mais praticidade com trava de rosca manual. 

Agradou logo de cara, mas curiosamente, na linha Brasil Luxo 71 a Monark ainda manteve em linha a primeira geração por alguns meses, como uma versão de entrada, possivelmente para esgotar o estoque excedente de quadros e componentes. Neste ano chega a famosa versão especial Jet Black, uma Dobramatic com acabamento mais requintado e focada no público masculino.  Para a Linha Águia de ouro 72, a imperceptível mudança na altura do tubo do canote do selim, e no ano seguinte, Brasil de ouro 73, o cobre corrente modelo Avião e nova paleta de cores. Chegaram nesse ano também as versões infantis Mirim, aro 14 e 16.

Em 1974 já como versão especial que posteriormente substituiria a Jet-Black, a Monark lança a Linha Fantástica, na série Águia imperial 74. Com diferenciais sensíveis em relação a versão comum da Monareta como selim tipo banana e um estranho guidão preto de duas peças, nascia ali a 3ª e mais bem sucedida geração. As linhas retas do bagageiro tornaram o desenho mais moderno, e o detalhe curioso do para-lama traseiro curto com um pequeno lameiro à ponta, que permitia empinar a bike sem raspar no asfalto. Apesar de ser seu ano de despedida, modelo de segunda geração Água imperial 74 é um dos mais fáceis de se encontrar, provavelmente por coexistir com sua sucessora, sendo assim uma versão de entrada mais acessível. Possivelmente por ser considerado um quadro de desenho mais seguro para as crianças, a segunda geração permaneceria na versão infantil Mirim, até o fim de sua produção.

Na série Centauro 75, a 3ª geração reformula a linha, subdividida em Monareta Standard, Dobramatic e Monareta Cross, uma dobrável ao estilo Chopper, com guidão longo sustentado em suporte duplo e garfo de espiga tripla com duas coifas simulando suspensão. Essa versão com o tempo perderia a opção dobrável, pois sua proposta se chocava com a de uma bicicleta portátil, e no ano seguinte se estende as versões infantis. A compacta Monark já não se segurava nas lojas e ultrapassava enfim a Berlineta, se consolidando como carro chefe da marca. Os três anos seguintes da série 5 estrelas foram de poucas alterações em toda linha, reservadas apenas aos grafismos. A Monark se concentrava em sua campanha publicitária para fazer frente a crise econômica que atingia o petróleo.

Foi na linha Tropical 79 que enfim chegaram, além dos marcantes grafismos coloridos em padrão verde, laranja e amarelo, o novo cobre corrente modelo Facão, e para-lamas arrendondados. Para a versão especial agora focada no público infanto-juvenil, chega a Kross II, com quadro redesenhado e entre-eixos mais curto, o bagageiro era destacável, lembrando muito a Monareta de primeira geração. Também era oferecida versão luxo com selim tipo Banana. A Monareta atingia seu áuge em 1980, na série olímpica, e no ano seguinte, a Kross II passa a se chamar Monareta L e SL com selim banana, e se despedia neste ano a 3ª geração de quadro reto, dando lugar em 82 a última geração. A nova Monareta trazia desenho mais arejado, que com a dobra de apenas um tubo em formato semitrapézio compunha o bagageiro ligando movimento central, eixo traseiro e tubo do selim. Para os componentes se destacavam o guidão mais curvo e o cobre-corrente duplo. As alterações se estenderam a Monareta L e SL, adotando o mesmo bagageiro da série comum, tinha o quadro redesenhado e guidão de duas peças. Exemplares bastante raros e não bem sucedidos, sendo então a última versão especial da Monareta, com exceção da curiosa versão de dois lugares Tandem, apresentada daquele ano até 84.

Os anos 80 contudo seriam marcados por uma nova febre, baseada nos esportes Bicicross e modalidade Freestyle. Com o lançamento do filme "ET", de Steven Spielberg, a Caloi consolida seu lançamento de maior sucesso; a Caloicross. A Monark concentra sua publicidade no seu modelo BMX, e começa então o declínio da veterana compacta da Monark, e em 86 a versão portátil Dobramatic, já não aparece no catálogo. Entretanto a Monareta seguia mais despojada, como bike de entrada, atendendo a um público fiel principalmente feminino haja vista sua excelente flexibilidade ergonômica, mas já não tinha o mesmo vigo de outrora. Em 90, após 23 anos de produção, sai da fábrica a última Monareta, e curiosamente naquele mesmo ano, encerrava-se também a produção do ciclomotor que dera seu nome.

As duas décadas seguintes seriam marcadas pelo esquecimento das bicicletas compactas, e com todo o mercado concentrado quase exclusivamente na Mountain bike, tendo todos os demais seguimentos em segundo plano. Veículo cada vez mais relegado estritamente ao esporte e lazer, não mais fazia sentido explorar seguimentos diferentes de bicicletas versáteis até que, na década de 2010, com o saturamento do automóvel e a necessidade de se discutir alternativas de deslocamento, voltaram à cena as compactas dobráveis dando a possibilidade de um transporte prático e intermodal, como a Durban e Blitz. Mas a precursora Monareta não só permaneceu na lembrança dos que viveram sua época de ouro, como também conquista mais admiradores por onde se passa a bordo de uma, mesmo depois de 30 anos do fim de sua produção. Peça obrigatória de todo colecionador, para todas as idades será sempre a mais jovem bicicleta brasileira.


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